Que ideia mais parva termos crescido. Aprender a andar de bicicleta, aprender a jogar ténis, perseguir lagartixas no muro e como tudo isto gela em nós um bloco de saudade.
(...)
E acho que pela primeira vez na vida senti um cheiro a enxofre enquanto me apercebi confusamente que o mundo estava repleto de mistérios estranhos, ele que até então parecia tão simples, tão claro.
(...)
Porque perdi tudo isto? Porque deixei que tudo isto se perdesse? Era tão rico nesse tempo, tão cheio de minhocas e de nuvens.
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Ternuras da memória por favor não me abandonem: o que seria de mim se nisto, pumba, vos perdesse?
António Lobo Antunes, Visão nº 1214
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