Friday, September 16, 2016

as mãos, os pés calçados de lua, olhos inchados 
ele caminha 
vinho, bebe vinho como os deuses 
esquece os corpos que o povoam, ouve vozes 
pressentem-se vozes 
a cidade existe em ti, mas ele tocou outros frios 
outros marulhares, o vento cortante doutras ruas 
um insecto luminoso, um eco 
folha de árvore arrastando-se na lama, cigarro que se extingue na humidade da memória doutros dias 
caminha, resta-lhe perder a memória  
esvaziar-se



Al Berto, O Medo, págs 117-118

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