Monday, January 13, 2014

R.E.M. sleep

Começaram por ser violentíssimos. As minhas mãos na tua camisa verde, um verde velho, gasto. Sentia o tecido enraivecido a segurar o teu corpo enquanto as palavras de gelo se desfaziam no teu sorriso absolutamente irreal.
No verão, a luz suave através dos cortinados, numa sucessão pouco habitual de janelas. Ao cimo das escadas de madeira, relaxado, contavas na tua voz mansa, como tudo estava perfeito... não pude evitar que estas mãos te agredissem e empurrassem. Vi-te sobreviver à queda, sem um arranhão.
E agora voltas, improvável, doce, reclamando o cadáver.
A surpresa é absoluta, pelo menos a violência era compreensível.


(12/2013)

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