Wednesday, June 20, 2012
"Começo finalmente a ausentar-me. Hoje, por exemplo, olhei-me ao espelho e vi que muito pouco resta de mim, daquela que conheci e tinha um nome. Onde terei começado a esquecer-me?
[...]
Falámos dos fantasmas com que nos atordoamos.
Cansámo-nos na revisitação de lugares-comuns e de procurar um sentido para tudo isto. Foi inútil, a vida já não é uma coisa desejável.
Sentimo-nos cansados, um cansaço semelhante à flor que murcha por excesso de luz, ou por falta de água. Não sei...
[...]
Conheço cada vez melhor aquilo que de mim se despede e não regressa, e aquilo que nasce algures onde já não estou.
[...]
Dentro de pouco tempo não sentirei mais o meu corpo, e tudo me será permitido, mesmo a morte, ou a simulação da vida.
As mãos, aqui estão as minhas mãos, secas e despojadas como um deserto. Para que terão servido as minhas mãos?
E os meus olhos? Em que extremidade do tempo por percorrer se situará o meu olhar?
E os meus lábios, os meus lábios? Alaíno... beija-os depressa.
[...]
Quem será esta gente cor de fumo que se evade dos meus sonhos?"
Al Berto
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